sábado, 29 de novembro de 2008

TEMPO

Crianças correndo na chuva
O rio da vida corre impiedoso
E as lágrimas escorrem
como a areia do tempo.

Às vezes sonho o passado
Acordo em lágrimas
Às vezes durmo presente
Acordo futuro
Danço na linha do tempo
Invento formas
Defino conteúdos
De vidas presentes,
passadas e futuras . . .

Rasgo entranhas em troca de um pouco de ópio e verdade
Rasgo o véu translúcido do tempo que escorre
Rasgo a própria veste da vergonha na cara.

Restaria ainda a velha ordem de Roma
Do rei e suas vestes perecíveis
Dos ratos e suas afiadas presas . . .

Não resistisse essa rara vergonha
Corroído estaria o meu coração
Não restasse essa alma que sonha
Restaria apenas um corpo no chão.

Aquilo que passa
Como enxurrada de verão
Não volta com o tempo
Não se repete da mesma forma
Não se clona ou reproduz.

Depois de nós,
haverão muitos
[aventureiros do tempo]
Evocando os mesmos gestos
que outrora fizemos,
entoando as mesmas notas
da política e das verdades inventadas.


Há porém um tempo
Além do próprio Tempo
Em que Zeus escapa
Da boca terrível de seu pai

Onde o que foi não veio,
não virá e não vai.
É o tempo do centro da roda
Do eterno indizível
Do véu do santíssimo
Do chifre de Moisés
Das tábuas da lei
Da voz de Elohim
E El Shadai.

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